Road Trip Portugal - Um dia entre o melhor de Tomar

Se no Solo Adventures as viagens são as pessoas, hoje conto-te a minha. De que melhor forma poderia eu arrancar com uma rúbrica de "Road Trip Portugal" se não partisse da minha cidade natal, Tomar?
Já dei à chave, o motor está a aquecer e guardei o lugar do pendura para ti. Não me faças agora a desfeita.
Vamos arrancar para uma viagem que passa por locais que já tiveram grande parte da minha vida. Espero que te sirva como um mapa para que possas ir ao encontro deles também. Agarra-te que eu vou pregar a fundo!

Uma manhã na cidade templária Tomar significa esticar as pernas, beber um café para acordar (ou chá, há para todos os gostos) e degustar iguarias. Se como eu gostas de acordar cedo aproveita para descer até à parte antiga da cidade para percorreres a rua principal - Rua Serpa Pinto, que entre autóctones apelidamos de Corredoura pela sua antiguidade. Vais encontrar alguns cafés. Eu recomendo o Café Estrelas de Tomar - onde podes encontrar os nossos doces conventuais (Beija-me depressa, Doces de Cama, Fatias de Tomar, entre outras maravilhas que se desfazem na boca); e o Café Paraíso - com 107 anos de história, por onde passaram personalidades como o compositor Fernando Lopes-Graça, o escritor tomarense “Nini” Ferreira e o escritor italiano Umberto Eco.
Se comeste de mais ao pequeno-almoço não te preocupes, porque espaços ao ar livre para caminhares e veres as vistas não te faltam. Levanta-te da cadeira, agarra no smartphone, selfie stick ou na câmara e dá corda aos sapatos. Deixa-te perder entre as ruelas laterais à Praça da República. Na Rua Dr. Joaquim Jacinto, por exemplo, vais descobrir a Sinagoga - onde tens o atual Museu luso-hebraico Abraão Zacuto; a Casa Memória Lopes-Graça; pequenos negócios e casas de locais que abrem portas para mostrar um pouco da história que querem contar desta cidade.

Caminha até à Rua João Carlos Everard onde o Complexo Cultural da Levada está à tua espera para explorares os moinhos e lagares d’El Rei e assim  voltares para junto do Rio Nabão. Nesse Complexo Cultural aproveita para visitar o museu e ver as vistas que prometo serem fotogénicas. Depois passa a Ponta Velha em direção ao Convento e Capela Santa Iria que também valem a pena serem admirados. Mesmo ao lado deles tens a Rua Marquês de Pombal, onde fica o Restaurante Bela Vista, a qual podes seguir para ir entrando no Parque Mouchão. 

Já dentro dele explora as várias zonas, mas não te esqueças de tentar caminhar sobre a pequena ilha entre as águas do rio e não percas a grande roda de água feita de madeira – um marco caracterísitico de Tomar, que fica numa das entradas. Dentro do parque encontras também dois amigos sentados à conversa em forma de escultura – os tomarenses Fernando Lopes-Graça e Nini Ferreira. 
De saída do parque vai para a zona da Várzea Pequena e passa pelo Largo do Pelourinho. Ao seguires por qualquer das ruelas daquela zona não vais ter como te enganares, acabarás por voltar para junto da Praça da República. Quando ficares cercado pelo edificio da Câmara Municipal que já vem do século XVII, alguns cafés, negócios locais e claro a Igreja de São João Baptista com a sua grande torre sineira que marca o centro histórico – sabes que estás no sítio certo.

Falta ainda mencionar um pormenor. Sim, vais levar com um pouco de História: no centro da praça calcetada encontras a estátua de Gualdim Pais - cruzado português e entre várias distinções 3º grão-mestre dos Templários. Enquanto grão-mestre da ordem de Portugal fundou o Castelo de Tomar e Convento de Cristo (1160), dois locais que vais ter tempo de visitar. O nosso Convento com o passar da História tornou-se o Quartel-General dos Templários em Portugal o que nos valeu um foral, tornando Tomar uma vila reconhecida em 1162. Gualdim Pais foi assim o nosso fundador, e por cá ficou, agora sepultado dentro da Igreja de Santa Maria dos Olivais (vale a pena visitar pela arte gótica que a compõe, para isso tens que rumar para outra zona da cidade na margem esquerda do Rio Nabão).
Depois disto das duas uma: ou já são horas de almoço ou ainda tens tempo para fazer uma breve visita à Mata Nacional dos Sete Montes.
Se fores fazer um reforço gastronómico, perto da Praça da República onde estás podes ir experimentar os pratos das famosas Casa das Ratas ou da Casa Matreno na Rua Dr. Joaquim Jacinto – mesmo em frente uma da outra. Na primeira os traços de tasca tradicional que se mantêm vão encantar e na segunda o ar vintage vai convencer. Mas mais do que isso, os pratos deixam a barriga e o paladar sentirem que foi uma aposta ganha.
Em termos de pratos os nossos típicos passam pela Lampreia (anualmente em Março existe uma mostra gastronómica com este peixe envolvendo dezenas de restaurantes da zona) e Cabrito à Templários por exemplo no restaurante a Lúria ou Chico Elias. Bons vinhos da Herdade dos Templários e azeites também são produzidos nesta terra, por isso não te levantes da mesa sem experimentar!


Se tiveres com muita genica ainda antes do almoço podes explorar parte dos 39 hectares que a Mata Nacional dos Sete Montes tem para te oferecer. Vais encontrar à porta o Infante Dom Henrique a dar as boas vindas, a ti e a quem entra na cidade ou vem do Castelo. 


Esta mata é a que faz ligação ao Castelo e era utilizada pela Ordem de Cristo para cultivo e refugio. Se te aventurares pelos seus caminhos vais poder tirar uma foto junto a uma réplica das torres-lanterna do Convento de Cristo construídas pelo arquitecto João de Castilho que ficou encarregue pelas obras renascentistas no Convento. Outra das maravilhosas descobertas que podes ter é a Charolinha do século XVI. Mais não conto nem mostro, vais ter mesmo de ir ver com os teus olhos!
Depois do almoço, já tendo feito a caminhada à mata ou não, podes aproveitar o balanço do pé e vir comigo de carro para a zona mais alta da cidade. Sim, vamos finalmente ao Castelo dos Templários e ao Convento de Cristo – o nosso monumento histórico declarado pela UNESCO como Património Mundial! Mas não sem antes, a caminho, parar na Capela da Ermida de Nossa Senhora da Conceição para ver a vista e visitar o local. Do seu miradouro vais conseguir avistar outra capela com uma longa escadaria, é a Ermida da Senhora da Piedade com uma Capela no alto – estás perto se ainda quiseres lá passar.
Finalmente chegamos às portas do Castelo, há tempo para visitar o jardim, olhar para o horizonte mais uma vez e seguir para junto da grande porta manuelina que dá as boas vindas a quem chega ao Convento de Cristo. Já dentro dele explora todos os corredores, mas visita com detalhe o Claustro Principal, a famosa Janela do Capítulo de estilo manuelino com detalhes incriveis e a Charola.


Com sorte à saída ainda te cruzas com alguns Templários vestidos a rigor para defender as muralhas do Castelo e podes tirar algumas fotos com o ar mais entusiasmado do mundo como eu.



De volta à parte histórica da cidade, basta descer pela colina que vai cruzar novamente com a Mata dos Sete Montes. Próxima paragem? Nada melhor que restabelecer as forças com um hydromel na Taberna Antiqua, seguido por um jantar bastante medieval e totalmente saboroso.


Se depois do jantar quiseres que não acabe a noite os spots são: Café Paraíso – à noite transformar-se e fica cheio de vida, assim como a zona da Corredoura Rua Serpa Pinto onde ele se localiza; numa das ruas paralelas à Praça da República encontras vários cafés/ bares – sugiro o Café Mouchão; se a ideia for dar tudo na pista de dança então temos o Kokitos e o Rio Bar.
Resumindo e baralhando:
Tomar tem muito para oferecer a quem gosta de sentir o peso da história enquanto passeia. Por aqui passam os peregrinos do Caminho de Santiago, muitos turistas e os festivaleiros do Festival Bons Sons da aldeia Cem Soldos que fica no nosso concelho.  
Eu sugiro um fim-de-semana na cidade para conseguires apreciar tudo com calma. Se assim for terás ainda tempo de ver mais:  nos arredores da cidade o Aqueduto do Convento com 6km de comprimento e 180 arcos para te impressionar; a Barragem de Castelo de Bode com algumas praias fluviais escondidas; numa das entradas de Tomar a Capela de São Lourenço, noutra a Capela de São Gregório e no meio da parte mais recente da cidade encontras a Capela de Santo António datada de 1953-55.
Se és de museus, não te preocupes que também não te deixamos na mão. Sugiro o Museu dos fósforos e o Museu Municipal Núcleo de Arte Contemporânea, para além dos que já mencionei no início desta nossa viagem. 
Também damos um pézinho na arqueologia: temos  vestigios romanos atrás do edificio dos Bombeiros Municipais onde encontras o antigo forum de Sellium (nome da nossa cidade nesses tempos) e perto de Tomar tens a Anta do Vale da Laje, o mais antigo monumento funerário megalítico a norte do Tejo.
Por agora já chega de conversa porque tens malas para fazer. 
Se estás já a ver qual o fim-de-semana prolongado, então deixo uma última dica:
Estás com bastante sorte, porque 2019 vai ser o ano da nossa Festa de Tabuleiros que é só de 4 em 4 e para a qual até já temos cartaz, não podes perder no início de julho a vida que esta cidade ganha.
Do meu lado já te mostrei o roteiro, agora fico à tua espera.
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