Ode ao Porto

Está um dia lindo de outono, um dia de outono frio aguerrido, mas em que o sol se anuncia sorridente.
E eu também sorrio: o Porto sabe receber tão bem o Outono.....

“não posso deixar o dia ir embora, tenho de o ir viver, lá fora”....

digo para mim própria e não perco muito tempo. 
Entre os beijos atirados a quem fica por casa, a escolha de uma roupa quentinha e uma mochila onde não faltam a câmara, baterias e cartões extra, faço-me ao vento e ao sol e aos tons de outono que se entranham na cidade.

E pedalo.

Poderia dizer que pedalo sem rumo, mas há lugares inevitáveis que me colam a eles. Como o primeiro lugar por onde passo: o Parque da Cidade. Deixo-me invadir pela energia do verde e do castanho das folhas espalhadas pelo chão, e pelo respirar de calma que o Parque me transmite. 

“Bom dia”, diz entre sorrisos e cumprimentos tímidos quem também por lá passa, como num cruzar de empatias, ou de vivências que merecem ser partilhadas.
Acelero a minha pedalada – a descida que antecede a visão do mar e do Castelo do Queijo enche-me de adrenalina. Não consigo nunca deixar de pensar na maravilha de cidade em que vivo! Qual outra cidade do mundo tem um parque da cidade que abraça o mar? 

Continuo, sigo em direção à Foz, sempre com o mar ao lado. Há ondas de espuma branca a baterem já fortes e a resvalar o Molhe, não resisto a parar para uma ou outra fotografia...


A Foz, a elegante Foz....Deslizo pela pérgola do Molhe como se o simples facto de passar pela Foz e pelas suas avenidas me fizessem também a mim ficar mais elegante.... Ilusões....

Antes de parar para o primeiro café da viagem ainda fotografo o Farol de Felgueiras e os pescadores. Uma zona onde a calma invade o tempo com uma cana de pesca na mão, e onde o barulho do mar se entranha nessa calma revestida de ondulação.

É com a visão do marégrafo da Foz do Douro que paro para o primeiro café. Ali a olhar as gaivotas e quase com os pés no rio, sereno.... Um bom lugar para nos apaixonarmos pela cidade.

Continuo. Pedalo ao longo do rio, a neblina encanta a visão das pontes, e os elétricos ora amarelos ora castanhos quase seguem comigo. 
Pelo caminho emaranho-me na envolvência do Fluvial só para mais umas fotografias – é que aí, o arvoredo e o Outono atingem um enorme charme......


Volto para a marginal. Passo por baixo da primeira ponte, a da Arrábida, tão bonita e imponente, deslumbro-me de novo com as vistas... parece que faço parte de um postal.



Em Miragaia resolvo estacionar. Prendo a bicicleta em local seguro e deambulo por entre ruelas e escadarias que vão dar a casas com roupa pendurada nas janelas e cafés com varandas onde, numa das varandas se pode ouvir jazz enquanto se bebe um copo de vinho, ou noutra se pode comer pão artesanal mergulhado em azeite. 
É aqui do alto de uma destas varandas a ver o rio e os telhados, e as gaivotas e as claraboias, que descanso um pouco, e me volto a apaixonar....

Retomo a subida até ao Jardim das Virtudes, não há Porto que se viva sem uma ida a estes jardins, e estavam quase ali....

Finalmente desço. A bicicleta lá está fiel, à minha espera. Segue-se a Ribeira, como num emaranhado de pessoas e turistas, entre os barcos rabelos e a outra margem, e a Ponte Luís I que deixo para trás.

O meu destino é mais à frente, quero ir até às Fontainhas, onde, quem ainda não se apaixonou pelo Porto, aqui sucumbirá, certamente.
Sendo impossível de pedalar até lá ao alto, subo a Calçada das Carquejeiras com a bicicleta pela mão. Uma subida custosa, sim, mas que vale o esforço.

E chegada ao cimo das Fontainhas vislumbro de novo a beleza do Porto, num olhar embevecido e na constatação de como uma cidade nos pode conquistar por si só: 
pela sua luz e mistério, pela sua energia, pelo seu rio e pontes, pelo pôr do sol a bater na linha do horizonte, pelo granito que emana dos dias cinzentos, pela imensidão do mar, pelos sorrisos das suas gentes....

É Outono no Porto. E no Outono as cidades renovam-se e as paixões intensificam-se.

Enquanto pedalo da Foz às Fontainhas, ou das Fontainhas à Foz, ou simplesmente, por aí, sinto a cidade como minha, nessa intensa forma de pertença que me faz vibrar e exaltar. Não sei que rasto eu deixo pela cidade, nem se a cidade sente a minha devoção. Sei apenas que me entrego às ruas e aos lugares com um enorme sorriso e com uma paixão que deixo transbordar em forma de blog.

A minha forma de Viver o Porto.

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